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A escolha da melhor escola – Abordagens

Atualizado: 23 de ago. de 2021

Saber como escolher a melhor escola para as pessoinhas mais especiais de nossas vidas pode ser desafiador para nós pais. Pois com esta série, vamos te ajudar!

Seja quando ele é ainda um bebê de quatro meses e os pais precisam trabalhar, na educação infantil ou chegada a hora de entrar no ensino fundamental obrigatório, não tem jeito, o momento de definir em qual berçário, creche, jardim de infância ou escola colocar nossos filhos é desafiador. Primeiramente, porque, como responsáveis, queremos acertar, optar por um lugar que seja bom para eles, que os acolha, que os permita desenvolverem-se como o esperado e onde sejam respeitados em suas particularidades. Mas também porque cada vez há mais opções, de muitos tipos e abordagens e oferecendo os mais variados recursos e metodologias de ensino. Então, como escolher o melhor local?


Foi para ajudar a responder esta pergunta que resolvemos fazer aqui no blog uma série, abordando diversos aspectos que devem ser considerados na hora dessa tomada de decisão, como os diferentes tipos, o momento ideal, as questões a considerar etc. E a maneira mais efetiva de começar é falando sobre as variadas abordagens pedagógicas de ensino oferecidas hoje no Brasil.


Em outras palavras, COMO a escola ensina?

É isso, em resumo que significa a abordagem pedagógica de ensino. Se a base curricular estabelecida por cada governo com o conteúdo básico que deve ser transmitido em cada ano escolar fosse a lista de ingredientes de uma receita, a abordagem seria o modo de preparo. Ou seja, a maneira como se dá as aulas e os recursos, a organização e o direcionamento que serão empregados pelos professores na hora de passar o conhecimento. Espalhadas internacionalmente, as principais abordagens nasceram em diferentes lugares do mundo, a partir de grandes educadores, filósofos e pedagogos que (re)pensaram formas criativas, inclusivas e variadas de transmitir conteúdos escolares considerando que, como já dissemos em textos anteriores, cada aluno aprende de um jeito diferenciado.

Por isso, o mais importante a se dizer nesse tópico é: não há uma abordagem “certa”, ou “melhor”, ou “mais eficiente”. Cada uma tem suas peculiaridades e pode ser ideal para um aluno, mas ineficaz para outro. Como então descobrir a que mais combina com o seu filho? Conhecendo – tanto a escola e sua abordagem quanto o seu filho e como ele aprende melhor. E se conhecê-lo é tarefa do dia a dia, que se consegue com muito contato, conversa e tempo de qualidade, para entender as instituições o ideal, na hora de escolher, é mesmo visitar, porque por mais pesquisa que se faça, não há nada como a primeira impressão que afaga (ou não) a intuição de mãe.


Vale também dizer que dentro de uma mesma escola aquela abordagem pode ser passada com diferentes métodos, porque estes costumam ter um toque mais pessoal de cada professor. O que significa que, apesar dos ingredientes e do modo de preparo serem seguidos pelos que vão ensinar ao seu filho a “receita”, alguns podem escolher bater os ingredientes à mão, outros na batedeira, outros no liquidificador, mas o resultado será bem similar. Deu para entender, não é? Pois então, partimos agora para explicar um pouco sobre as principais abordagens encontradas nas escolas brasileiras.


Tradicional

Mais conhecida e mais presente no País (e no mundo), a abordagem tradicional tem como foco o professor, que é visto como o detentor dos conhecimentos que serão passados ao aluno, de forma mais vertical e envolvendo cobrança. O estudante, por sua vez, tem a função de assimilar e memorizar o que foi ensinado, com metas e prazos a cumprir. A interação que existe entre eles, portanto, se limita ao modelo em que uma das partes ensina e a outra aprende.


Essas escolas costumam usar apostilas e cartilhas que carregam o conteúdo – sempre em grande quantidade – que precisa ser aprendido ao longo do ano. E o aluno necessita demonstrar que aprendeu esse conteúdo, por meio de provas e avaliações nas quais tem de alcançar uma nota mínima. Quando isso não acontece, é reprovado e tem de cursar o ano novamente.


Além disso, os alunos são incentivados a atingir as notas mais altas, buscando sempre a superação. E a razão para esse sistema de mais cobrança é que são instituições voltadas para ajudar o aluno a ter sucesso em exames como o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e o vestibular, visando a que o aluno tenha acesso a universidades e complemente o ensino com um diploma de curso superior.

Construtivista

Fundada a partir das ideias do biólogo suíço Jean Piaget, essa abordagem, ao contrário da tradicional, coloca o aluno no centro do processo de aprendizagem, fazendo com que ele seja protagonista na busca por conhecimento e desempenhe um papel de construir ativamente o conteúdo que aprende. Cada estudante é visto como alguém único, que se desenvolve no seu tempo, o trabalho em grupo é valorizado e o professor faz o papel de facilitador dessa aprendizagem, em lugar de apenas transmiti-la como o detentor.

Nas escolas construtivistas, são criadas situações em que o estudante é estimulado a pensar e a solucionar problemas propostos, estimulando o senso crítico e permitindo o diálogo. Jean Piaget acreditava que a construção do conhecimento se dá por meio das interações entre o meio e os sujeitos, e por isso, as turmas nessas instituições precisam ser menores, de modo que as experiências vividas pelos alunos possam ser compartilhadas e contribuam para o aprendizado de todos.


Também pode haver provas e reprovação nessas instituições, mas os estudantes participam da estruturação do currículo, que geralmente é flexibilizado de acordo com seus respectivos perfis. Mesmo assim, a avaliação é feita também por meio de trabalhos, exposições e debates, em que o aluno vai expondo a sua opinião sobre os mais diversos assuntos, e, por meio da prática, aprende.


Sociointeracionista

Uma variação do construtivismo, o sociointeracionismo se origina do trabalho do psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky, que atribuía um papel preponderante às relações sociais na aprendizagem (enquanto Piaget dava mais importância aos processos internos de cada aluno). Esta metodologia, portanto, considera que é por meio da interação entre o sujeito e a sociedade que a aprendizagem acontece, entendendo que, a partir do conhecimento adquirido, o ser humano pode modificar o ambiente e o ambiente é capaz de modificar o ser humano.


Nas aulas, o educador também assume o papel de mediador, especialmente para incentivar os progressos que aconteceriam espontaneamente, ensinando por meio de atividades em equipe e, assim, desenvolvendo, além do conhecimento, as habilidades socioemocionais. Os alunos, por sua vez, são incentivados a inovar, liderar projetos, criar soluções e lidar com outras pessoas, sendo reconhecidos tanto por seus resultados conquistados quanto pelo esforço que empregaram nesse caminho.


O material didático tende a ser atualizado e contextualizado constantemente, propondo consultorias pedagógicas e incentivando o alinhamento entre professores e alunos, de modo que os estudantes desenvolvam habilidades socioemocionais como proatividade, pensamento crítico, colaboração entre colegas, criatividade e perseverança. Montessoriano

Segundo a abordagem montessoriana, baseada nos estudos da pesquisadora italiana Maria Montessori, a criança deve buscar sua autoformação e própria construção da aprendizagem, e os adultos têm o papel de ajudá-la nesse processo, favorecendo o desenvolvimento de indivíduos criativos, independentes, confiantes e cheios de iniciativa. “É agindo que o aluno adquire conhecimentos”, acredita esse método, e por isso nessas escolas os alunos escolhem as atividades que querem fazer. Ao educador cabe ordenar o trabalho de forma que tenha gradação de dificuldade crescente, respeitando o ritmo de cada aprendiz e sem fazer demasiadas intervenções.


O currículo dessas escolas é multidisciplinar e outra característica é que as classes têm crianças de idades diferentes, e todos os estudantes são estimulados da mesma maneira, para que os trabalhos em grupo, muito incentivados, gerem mais troca e novas aprendizagens. Há vários materiais, criados pela própria Maria Montessori, que auxiliam nesse processo, sendo o mais famoso o Material Dourado (composto por cubos, placas, barras e outras formas geométricas), que tem o objetivo de facilitar o entendimento das operações matemáticas. E esse e todos os objetos ficam expostos nas salas de aula, ao alcance das crianças, para motivar o aprendizado por meio dos sentidos.


Como principal objetivo, essa metodologia de ensino visa estimular a criatividade e a independência dos alunos, garantindo que sejam autônomos no seu processo de aprender. Por isso mesmo é que, diferentemente das metodologias em que o professor é um facilitador ou mesmo o detentor do conhecimento, aqui ele é um observador, que almeja monitorar bem de perto o aprendizado de crianças e jovens, verificando a evolução e descobrindo as razões que bloqueiam esse aprendizado. É dessa forma também, por meio da observação, que são feitas as avaliações.


Waldorf

Desenvolvida pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner, a metodologia de ensino waldorf procura equilibrar os aspectos cognitivos (capacidade de aquisição de conhecimento) com as habilidades artísticas, musicais, de movimentação e de dramatização. O intuito é que a vivência das crianças esteja em primeiro lugar, antes mesmo que a teoria, por isso são priorizadas as atividades que incentivam o pensar, o agir e o sentir, assim como o equilíbrio entre a aprendizagem intelectual e a prática, entre o esforço e o descanso. Aqui, os alunos são direcionados ao pensamento autônomo, e entende-se que o desenvolvimento e a compreensão dos seres humanos precisam levar em conta a individualidade de cada um. Por isso, cada aluno é considerado como um ser único, valorizado também por sua imaginação e criatividade.


Para isso, o ensino é mais lúdico e não há uso de materiais prontos ou livros didáticos. Em escolas que utilizam a metodologia Waldorf, é comum ver alunos pequenos cozinhando, dançando, tocando música e fazendo tricô. Já no ensino fundamental e médio o currículo inclui aulas como astronomia, meteorologia, jardinagem, artes dramáticas e trabalhos manuais. Por isso tudo, a Unesco considerou esse um método pedagógico inclusivo, que ensina a lidar com o diferente e a respeitar a diversidade por meio das atividades.


Ainda assim, são aplicados testes e provas em algumas matérias, especialmente no ensino médio e nas últimas séries do ensino fundamental. Mas a avaliação do aluno também engloba as atividades diárias, considerando a execução de trabalhos, o grau de dificuldade que o estudante tem com o assunto, o empenho em aprender, o aproveitamento e o seu comportamento. Tudo acompanhado de forma próxima pelo professor, que, inclusive, permanece com a mesma turma por toda uma etapa (por exemplo, os nove anos do ensino fundamental).


Reggio Emilia


Essa abordagem leva o nome de uma província da região norte da Itália que sofreu com os efeitos da Segunda Guerra Mundial. E foi a fim de reconstruir a sua história após tantas perdas e proporcionar um ambiente melhor para as crianças que surgiu esse projeto, que logo atraiu a atenção do pedagogo Loris Malaguzzi, responsável por espalhar a metodologia. O princípio da Reggio Emilia é colocar as crianças como protagonistas de seu aprendizado, com a ajuda de educadores e da família.


Em sala de aula, os professores colocam-se na posição de aprender com os seus alunos, o que até acontece em outras metodologias de ensino, mas não de forma declarada. Assim, os alunos, por sua vez, aprendem enquanto ensinam. A aprendizagem é pautada, então, na participação de todos e, por essa razão, nunca é a mesma, variando inclusive em conteúdo com a mudança de uma classe a outra do mesmo ano. O objetivo da Reggio Emilia é mostrar, a alunos, pais e professores, ou seja, toda a cadeia de ensino, que é possível repensar e reconstruir constantemente os conceitos e os conhecimentos.


Apesar de usar materiais didáticos mais tradicionais, como apostilas, a avaliação é diferente, feita no dia a dia e medindo tanto o conhecimento do aluno quanto o desempenho do professor, garantindo agilidade e eficiência aos ajustes necessários a qualquer processo educacional. Além disso, por ser um elemento natural, incorporado nas aulas e que pode acontecer até três vezes por semana em uma mesma matéria, esse sistema avaliativo desenvolve o hábito do estudo e aumenta o comprometimento do aluno, aumentando suas chances de recuperação durante, não ao final do processo.

Freinet

O pedagogo francês Célestin Freinet é outro pensador responsável por nortear o trabalho em algumas escolas – ainda que nem todos considerem essa uma abordagem pedagógica oficial. Nas instituições que colocam em prática conceitos de Freinet, o aprendizado acontece por meio do trabalho e da cooperação, e por isso o aluno é incentivado a compartilhar suas produções com os colegas, sejam eles de sua classe, de outras ou de escolas diferentes. Ou seja, sempre há troca.

Para Freinet, a escola deve ser ativa, dinâmica e aberta para o encontro com a vida, e por isso essas instituições proporcionam muitos estudos de campo, aulas em que os alunos saem mesmo para a cidade em busca de experiências e conhecimentos. Assim, uma ida ao supermercado pode ensinar sobre cálculos matemáticos, ou uma volta na praça, sobre espécies de plantas. Elaboração de jornais em grupo, debates sobre temas contemporâneos e as chamadas assembleias, em que os estudantes têm a chance de opinar, inclusive sobre o que querem aprender, são atividades comuns, que valorizam o desenvolvimento da capacidade de análise de cada um.

Humanizar a educação, construindo uma escola em que todos são responsáveis e voltada para as qualidades e realização pessoal, de alunos e professores, é um dos objetivos dessa abordagem, que tem como valores conceitos como autonomia, cooperação e livre-expressão. Por isso mesmo é que as avaliações, que acontecem por meio de trabalhos, participação nas classes e algumas provas nos anos mais avançados, levam em conta o progresso do aluno em comparação ao seu desempenho anterior e não em relação com os demais. Tudo contribuindo para tornar a escola um lugar em que os estudantes sentem que não “tem que”, mas sim “desejam” estar.


Pikler

Criada após a Segunda Guerra Mundial, em Budapeste, a abordagem Pikler nasceu quando a pediatra húngara Emmi Pikler foi convidada para implementar um abrigo para bebês e crianças que se tornaram órfãs ou foram separadas de suas famílias no conflito. Voltada para bebês e crianças de 0 a 3 anos, busca desde o princípio da vida construir autonomia, motricidade livre e a segurança afetiva e social por meio da interação entre os próprios alunos.


Embasada no cuidado com a saúde física e no respeito à individualidade da criança, a abordagem tem como foco a relação entre a mãe/educadora e o bebê, e o desenvolvimento deste por meio do brincar livre. É a criança que diz qual caminho deverá ser seguido com ela, enquanto os educadores ficam com o papel de acompanhar e respeitar a individualidade e a necessidade de cada uma. Na prática, o que acontece nessas escolas é que os cuidados mais simples e rotineiros, como a troca de fraldas e a alimentação, são feitos de forma bastante individualizada, levando em conta a fase do desenvolvimento da criança.


Há muita interação entre as crianças, mas também desconstrói-se a ideia de que o grupo precisa fazer todas as atividades juntas e ao mesmo tempo. Além disso, cada cuidador tem um grupo específico de crianças, que são sempre cuidadas e alimentadas por ele, já que a afetividade com os educadores também é prezada, porém sem superestimulação. Nos momentos de brincar livre, por exemplo, o educador fica presente, mas sem interferir nas explorações espontâneas das crianças.


Ainda em dúvida?

Isso é totalmente normal, afinal essa pesquisa precisa ser feita com calma, com tempo, e, vale lembrar de novo, com muito foco na SUA criança. Isso significa que não necessariamente a escola que seria a primeira opção para você será a melhor para o seu filho, porque é ele quem tem que se adaptar da maneira mais suave possível ao ensino que vai receber. Se isso soa como um desafio ainda maior e você sente que precisa de ajuda nesse processo, entre em contato para saber mais sobre o trabalho que faço de orientação familiar, que inclui o acompanhamento de aluno, pais e família para acertar ao definir a melhor escola.


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