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Minha história

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Como filha caçula de um casal de professores da rede pública de São Paulo, desde pequena convivi com a educação em seu contexto diário. Nasci em 1982 em São José dos Campos, interior de São Paulo, e ainda pequena mudei com minha família para a capital. Em São Paulo estudei, me formei, me casei, tive meus dois filhos e é onde vivo atualmente, trabalhando como pedagoga, psicopedagoga e especialista em educação bilíngue.

Por incentivo de minha mãe cursei Magistério no Colégio Mackenzie. Depois que me formei, tive a oportunidade de, por cinco meses, estudar inglês e realizar trabalho voluntário na Universidade das Nações, Havaí, Estados Unidos. Ao retornar, ingressei no curso de Pedagogia da Universidade Mackenzie e em paralelo comecei a trabalhar como professora de educação infantil em uma EMEI e em uma escola bilíngue português-inglês. Depois de alguns anos na educação infantil, senti o desejo de conhecer outras áreas de atuação do pedagogo. Foi então que recebi uma oportunidade para atuar com educação coorporativa em uma escola de negócios com treinamento e desenvolvimento organizacional. Nessa mesma ocasião, cursei alemão, idioma materno e cultura de origem de meu sogro.

 

Um tempo depois, chegaram meus filhos, e na ocasião tive a oportunidade de dedicar-me integralmente a eles, pois esse período coincidiu com a transferência profissional de meu marido para os Estados Unidos. Durante nossa residência de três anos em New Jersey, pude me aperfeiçoar no idioma inglês, vivenciar amplamente a adaptação cultural dos meus filhos em um contexto de educação bilíngue, acompanhar o seu processo de aquisição da segunda língua e tudo que envolve passar pelo ensino-aprendizagem em um país estrangeiro – acredite, é muita coisa.

 

E foi influenciada pelas oportunidades que tive de estudar outros idiomas e conhecer outras culturas, especialmente a americana e a alemã, e por perceber a importância de se compreender os processos de aquisição do conhecimento a partir de complexas redes multilíngues de comunicação na era do mundo globalizado, que com o nosso retorno ao Brasil decidi me especializar em Educação Bilíngue, pelo Instituto Singularidades, e em Psicopedagogia, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

 

Desde então dedico-me à realização de atendimento psicopedagógico, acompanhamento escolar e orientação familiar de crianças, adolescentes, suas famílias e comunidade escolar. Mas a minha jornada até esta profissão não foi assim tão resumida, nem tão simples. Meu próprio processo de aprendizagem foi de altos e baixos.

"Os conteúdos eram diferentes dos que eu já tinha estudado até aquele momento, precisei fazer aulas de reforço e recuperação que a própria escola oferecia."

 

Na escola, passei por fases tranquilas e outras mais difíceis, como quando meu pai faleceu. Eu tinha de nove para dez anos, e sua morte virou a nossa vida de cabeça pra baixo, tudo saiu do lugar. Estudei em escola pública por vários anos, e quando recebi uma bolsa de estudos para uma escola particular, no sétimo do EFII, foi desafiador. Os conteúdos eram diferentes dos que eu já tinha estudado até aquele momento, precisei fazer aulas de reforço e recuperação que a própria escola oferecia. Mas as dificuldades foram importantes, pois me fizeram perceber que assimilo mais facilmente os conteúdos quando eles têm relação com algo prático da vida cotidiana. Também notei que quando tenho alguém junto comigo para me apoiar, mediar e acompanhar com os conteúdos, estudar fica muito mais leve, significativo e prazeroso. Por isso me sinto tão honrada em fazer hoje este trabalho por outros estudantes e suas famílias, porque sei a diferença que fez em minha vida, não só acadêmica, mas como um todo.

Maternar educando, educar maternando
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Como mãe, aprendi muito ao estudar e trabalhar com educação. Passamos muitos desafios juntos, como família, especialmente o de viver em um país estrangeiro, com outras línguas e culturas, com o meu marido na maioria das vezes viajando a trabalho, com muito frio e neve do lado de fora, e eu tendo que dar conta dos cuidados básicos de duas crianças pequenas e das demandas emocionais delas sendo que eu mesma estava exausta, física e emocionalmente. E tudo isso me levou a olhar para o que eu havia estudado e, aos poucos, colocar em prática uma educação e um maternar que fossem o mais verdadeiramente humanista possível.

 

Nesse caminho, fiz a mudança de uma rotina rígida, engessada, cheia de “certos e errados” e de “receitas prontas” para a construção junto com eles de uma rotina ritmada, que estivesse em sintonia e harmonia com as necessidades de toda a família, já que o que funciona para os filhos dos outros não necessariamente funcionará para meus filhos – e lembre-se disso para os seus também. Aprendi a respeitar o tempo de desenvolvimento de cada filho, suas individualidades, seus estilos e preferências, o modo de pensar e de agir de cada um, que se difere entre eles e de mim mesma. E também entendi a importância do tempo. O tempo de estar com eles, de simplesmente observar, esperar e viver o tempo deles. Esse tempo que hoje é pra mim o espaço da relação de intimidade em que a transformação e a aprendizagem acontecem.

 

A princípio, muitas vezes na ânsia para que as coisas acontecessem rapidamente, em meio a cansaço, inseguranças e expectativas para que meus filhos passassem logo de fase, não percebi o quanto esse tempo foi e é fundamental para o desenvolvimento saudável deles, tanto emocional quanto cognitivo. Cometi erros e aprendi com eles. E isso foi o que me impulsionou e me deu experiências para hoje poder ajudar outras famílias “suavizarem” esse caminho rumo a uma educação que é, sim, assertiva, mas tendo o amor e o respeito como base.

 

Não é sempre fácil, porque lido com a ansiedade dos pais, que muitas vezes querem ter respostas rápidas para o não aprender do filho e ver a melhora de notas a tempo de passar de ano. A verdade é que não existe receita pronta nem retorno imediato; é um processo investigativo, que exige um mergulho profundo e comprometido em cada sujeito. Mas é recompensador, porque pode ser, ao mesmo tempo que o caminho para um melhor aprender, uma forma de unir ainda mais as famílias.

 

Minha missão é justamente guiar esse caminho, e resgatar a curiosidade e o desejo dos alunos por aprender e consequentemente ajudar famílias a proporcionar isso para os seus filhos, porque tanto a curiosidade quanto o desejo de aprender são construídos desde nossos primeiros momentos de vida, quando somos cuidados, acalentados e envolvidos pelos nossos pais e cuidadores. É a partir dessa relação de cuidado e de acolhimento que o ser humano vai se construindo e se tornando um sujeito desejante e aprendente.

“O sujeito não é sujeito até que conheça. É sujeito porque conhece, e é sujeito a esse conhecimento...  

Através do conhecimento ele se constitui como ser humano e vai poder se definir como sujeito,

como aquele lugar não repetível que cada um considera seu destino.”

 

Sara Paín

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